Um grande público passou nessa sexta-feira (29) pelo pavilhão de entrada do Festival Literário da Paraíba (FliParaíba), local onde livreiros e editores de várias partes da Paraíba e do Brasil expõem os seus títulos e onde aconteceram dezenas de lançamentos de livros ao longo do dia.
O evento literário acontece em João Pessoa até este sábado (30), no Centro Cultural São Francisco, e é no pavilhão onde acontecem muitas vendas de livros, muitas trocas de contatos e muitas conversas também.
Por exemplo, Magno Nicolau, que há 35 anos está à frente da Editora Ideia, de João Pessoa, citou justamente a integração entre autores, escritores, livreiros, editores e público em geral como o principal ganho de eventos como o FliParaíba. “Uma feira literária não serve apenas para vender livros, serve principalmente para promover esse diálogo. E também para ser vitrine. Para mostrar o que a Paraíba tem de bom em termos de literatura. Porque a Paraíba produz muita literatura de qualidade”.
Magno admite que é difícil sobreviver no Brasil com livros. Não dá para enriquecer, por exemplo. Ao mesmo tempo, ele pondera que é extremamente gratificante. “Tem que ser constante, persistente”, ensina.
Outro que estava a expor a sua literatura no local era Robson Jampa, que integra a Academia de Cordel do Vale do Paraíba. Ele lembrou que o cordel é um gênero literário nascido na Paraíba e que representa “uma grande resistência do Nordeste”. E se orgulha ao dizer que hoje vive unicamente de sua arte.
“O cordel quase desapareceu nos anos 1990, mas resistiu e voltou a ter força a partir dos anos 2000. Eu me considero como parte de uma nova geração, já que comecei a escrever há apenas oito anos, mas hoje tenho umas 100 histórias de minha autoria já lançadas”, comemora.
Robson explica que são cerca de 10 cordelistas que estão se revezando no estande da Academia de Cordel e que ao todo eles trouxeram de diferentes partes da Paraíba cerca de 200 títulos diferentes. “É uma variedade incrível de títulos, temas, histórias”.
Sobre o Festival, ele destaca um importante processo de resistência e de defesa para a literatura. “Um evento como esse é o que estava faltando. Porque nos traz vendas, contatos, visibilidade. Em tempos de telas, a preservação da arte é vital”.
Já entre os lançamentos de livro, quem marcou presença no FliParaíba nessa sexta-feira (29) foi Cibele Laurentino, que lançou “Eu, Inútil” durante o evento. A obra, por sinal, já foi premiada com o prêmio de melhor livro de ficção do Ases da Literatura, de Portugal.
“Trata-se de um livro com uma narrativa muito forte e contundente, que aborda o narcisismo materno. Propõe uma desconstrução da maternidade a partir de um tema contemporâneo, mas que provoca incômodo”, explica.
Ela comenta que a sua literatura se propõe a dar voz às mulheres, permitindo que elas se coloquem e falem de suas dores. “A literatura permite essas possibilidades”, resume.
Ademais, ela fala sobre o quanto é desafiador sair de uma cidade como Campina Grande e tentar vencer barreiras, atingir novos públicos para além das divisas paraibanas. E destaca que são eventos literários como o FliParaíba que ajudam nesse trabalho constante. “Ter um grande evento em nosso estado sempre foi um sonho. Porque são eventos que nos ajudam a ter voz, a falar para mais gente”, finaliza.
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