O município de Sussuapara, no interior do Piauí, vive uma grave crise hídrica com a decretação oficial de estado de calamidade pública devido à seca severa que atinge a região. Apesar da situação crítica, o prefeito Naerton Moura decidiu contratar, sem licitação e sem consulta prévia ao Ministério Público, o cantor Rey Vaqueiro para a festa de aniversário da cidade, marcada para o dia 14 de dezembro.
A contratação direta do artista, no valor de R$ 250 mil, foi revelada por uma reportagem do portal GP1, que aponta possível irregularidade no uso dos recursos públicos em um cenário de emergência. O valor milionário — que ainda pode ser acrescido de gastos com estrutura, palco, som, iluminação e segurança — tem gerado revolta entre parte da população, que sofre com falta de água, prejuízos na agricultura e escassez de assistência básica.
De acordo com o GP1, o contrato foi firmado sem licitação, com base em dispositivos legais que permitem contratações diretas para eventos artísticos, mas especialistas alertam que o contexto de calamidade exige ainda mais cautela, transparência e justificativas robustas, o que não ocorreu no caso.
“Estamos em uma situação de desespero, sem água até para beber em algumas localidades, e a prefeitura gasta R$ 250 mil com um show? Isso é um tapa na cara da população”, comentou um morador da zona rural, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
Além do Ministério Público, o caso pode atrair a atenção do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), que tem intensificado a fiscalização de despesas públicas em municípios que decretaram situação de emergência. A prefeitura, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre a origem dos recursos nem sobre a legalidade da contratação.
A polêmica ganha ainda mais força quando se observa o contraste entre a festa milionária e o sofrimento de famílias rurais que dependem de carros-pipa, poços secos e assistência social emergencial para sobreviver.
O episódio evidencia um possível desvio de prioridades da gestão municipal, colocando o entretenimento acima das necessidades básicas da população. Moradores e lideranças já articulam representações junto ao Ministério Público, que deve ser provocado a investigar o caso nas próximas semanas.
Enquanto isso, a pergunta que fica entre os sussuaparenses é: como justificar um gasto de R$ 250 mil com um show, em uma cidade oficialmente em calamidade?
FONTE: Querido Piaui
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