Eduardo diz, ao Perspectivas, que Bolsonaro deixou o Brasil para não ser preso

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é o convidado desta quinta-feira (15) do programa Perspectivas e conversou com o jornalista Leonardo Cavalcanti sobre a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) do país, após perder a eleição e o caso das joias da Arábia Saudita, entre outros temas. Assista no site e no canal do SBT News no YouTube.

Então chefe do Executivo, Jair Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos um dia antes do fim do seu mandato, em 30 de dezembro de 2022, e não participou da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência. Ele só retornou ao Brasil em 30 de março de 2023.

Na entrevista, Eduardo sinalizou que o pai deixou o país por medo de ser preso, após perder a blindagem judicial pelo cargo que ocupava. O parlamentar não detalhou, porém, qual seria o motivo de uma eventual prisão.

"No Brasil, as instituições são fracas. Bolsonaro certamente saiu do país para garantir a sua integridade física. Do jeito que estava a estabilidade no Brasil, algumas pessoas falam que não entendem porque ele retornou, que seria arriscado ele ter retornado em março. [...] Se ele saiu do país, ele tinha as razões dele. Eu também não ficaria no Brasil em um clima daquele", apontou.

"Não dá para você achar que está tudo dentro da normalidade. A pessoa [Lula] tinha acabado de sair da cadeia e foi colocado na Presidência da República. Eu não acredito que na boa fé das pessoas que trabalharam nesse projeto, eu ficaria com receio se eu fosse o Bolsonaro", declarou o deputado.

Na entrevista, Eduardo ainda classificou a hospedagem do ex-presidente na Embaixada da Hungria em Brasília (DF) como um "acidente de percurso". À época, houve a especulação de que Bolsonaro tinha a intenção de pedir asilo político e evitar a prisão, já que o movimento aconteceu logo após a Polícia Federal (PF) apreender seu passaporte.

"Para mim, a [hospedagem na Embaixada da] Hungria foi um acidente de percurso, vamos dizer assim. As pessoas achavam que ele estava planejando alguma coisa, mas não tinha nada daquilo", disse o parlamentar.

Bolsonaro se hospedou na embaixada entre os dias 12 e 14 de fevereiro de 2024, quatro dias depois de ter seu passaporte confiscado pela PF. O documento, que estava em seu gabinete na sede do PL, em Brasília, foi retido no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder.

Embaixadas são considerados territórios dos países a que pertencem e estão fora dos limites das autoridades domésticas. Caso houvesse um mandado de prisão expedido para o ex-presidente, ele não poderia ser cumprido dentro do prédio.

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, é um dos líderes da extrema-direita na Europa e mantém uma relação próxima com Bolsonaro.